sexta-feira, junho 23, 2017

O inferno voltou a descer à terra ... e voltará a descer no futuro


O ano passado foi em Agosto, o mês mais tradicional dos vários incêndios que eu escrevi sobre muita gente pensar no fim do mundo tal a violência e ferocidade dos incêndios que lavravam em vários pontos do país nessa altura. Mas apesar de praticamente todos os anos a mesma tragédia se repetir, ora nuns locais do país, ora noutros, pouca gente estava preparada para as consequências (mais de 60 mortos, mais de 250 feridos alguns dos quais ainda poderão falecer e mesmo agora ainda não se sabe oficialmente quantos desaparecidos, e se for o caso destes não estarem entre os mortos já conhecidos nem entre os feridos então o mais certo é a contagem das vítimas mortais aumentar) do incêndio de Pedrógão Grande.
Por isso apesar de ter escolhido uma foto que é macabramente bela, o título é mesmo sobre o inferno. No passado fim-de-semana viveu-se, no centro do país em particular mas por todo o Portugal em geral, um verdadeiro inferno.

Só que sinceramente para mim, que sou apenas um leitor de alguns artigos e estudos sobre a matéria, o que separou este incêndio de muitos outros foi pouca coisa mas as consequências foram as piores. Incêndios que se alastram muito rapidamente, que ameaçam várias populações são muito comuns. Basta olhar um pouco mais ao lado, para Góis, que era um incêndio que já lavrava antes do de Pedrógão e foi (quase) sempre maior. Também se evacuaram dezenas de localidades mas felizmente nesse os danos são mais materiais e sobretudo emocionais do que físicos.
O de Pedrógão é um incêndio como tantos outros mas que deixou uma marca enorme e profunda.

Mas tal como tento dizer no título e no resto do texto é um inferno que já desceu antes e vai voltar a descer. E daqui por alguns anos vamos voltar a ter uma tragédia destas, porque acreditando neste artigo do Público, basicamente há 50 anos que os especialistas andam a dizer que deve ser feito, reiterado pelos especialistas de agora num estudo/trabalho mais recente de 2005, a proposta para o Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, mas pouco ou nada é feito.
Vamos andar a discutir miudezas, focarmos-nos no combate aos incêndios mas depois, porque na realidade interessa pouco tanto aos políticos como à própria sociedade, fica tudo na mesma ou talvez um bocadinho pior (concordo com o que diz João Miguel Tavares nos 2 últimos parágrafos deste seu artigo de opinião).

E era apenas isto que queria partilhar aqui. Só mais um texto no meio de centenas, milhares mesmo, de tantos outros que foram escritos e continuarão a ser escritos e partilhados durante estes dias. Mas tinha de escrever também. E depois de escrever isto não vou fazer mais nada. Vou só esperar que demorem outros 16 anos pelo menos (gostava que fossem mais) antes de outra tragédia similar (Alcafache foi em Setembro-1985, Entre-os-Rios em Março-2001 e agora Pedrógão Grande em Junho-2017).

Nota: Para quem não conseguir abrir o link para o artigo do Público que me serviu de principal inspiração para este texto, pode abrir a imagem em baixo:


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