segunda-feira, março 31, 2014

Ao invés do bom, celebramos o mau

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É assim um bocado na vida, mas sobretudo no desporto, sendo o futebol a maior evidência deste comportamento.

Muito mais que celebrar as vitórias ou as coisas boas, as pessoas celebram as derrotas (dos adversários) e os infortúnios. Até quando se celebra coisas boas (golos da nossa equipa) reagimos de forma má, eu falo por mim também, pois a atitude do puto aqui da foto (que deve ser holandês tanto pelo aspecto como pela camisola do Feyenoord) é muito normal. Admito que quando estou estusiasmado a ver um jogo e existe um golo da minha equipa uma das reacções é insultar o adversário normalmente com um manguito acompanhado com um "mama aí oh puta! Toma, cabrão!".
É estúpido mas é a minha reacção inconsciente, oriunda talvez de estar habituado a este tipo de comportamentos desde novo.

Mas se estes insulto e negativismo são coisas do momento, e explicado em parte pelo próprio comportamento humano, já me custa mais a entender as reacções tomadas mais tarde, já quando os jogos acabaram e o ser humano normal já se (deveria ao menos) desligou.
E agora com as redes sociais notamos isto facilmente: as pessoas adoram comentar e celebrar a derrota do adversário, atirando muitas vezes sal para a ferida.

Por ser benfiquista, notei mais depressa que havia imensos comentários por adeptos de outros clubes sobre jogos do SLB. E quando o SLB era beneficiado ou perdia pontos, então era uma festa. E por curiosidade abria as páginas das pessoas mais interventivas e via que nem sequer tinham comentado o jogo do seu próprio clube! Fazia-me impressão, e ainda faz.
E da mesma forma, faz-me impressão ver benfiquistas "perderem" tempo a fazerem vários comentários sobre as derrotas do FCP e do SCP. Sobetudo quando festejam as desgraças desses clubes.
Obviamente que os desaires dos adversários são motivo de contentamento, pois significam que o nosso clube ganhou vantagem (ou não perdeu), e que uma pessoa a ver o jogo se ria e festeja tudo bem, mas acho desnecessário vir publicamente demonstrar isso.
Atenção que eu não quero dizer que um adepto de futebol não pode falar do que lhe apetecer. Pode sim, comentar jogos e lances e tudo o mais. E tem direito a demonstrar a sua opinião. Só que me custa um pouco a aceitar quando as opiniões limitam-se a insultar os adversários, celebrar as derrotas dos mesmos e fazer-se queixa generalizada da arbitragem ou corrupção.
Porque são apenas comentários negativos sobre a coisa.

Existe uma razão para escrever isto hoje. O FCP perdeu ontem e ficou a 15 pontos do 1° lugar quando existem apenas 15 pontos disponíveis até ao final do campeonato. E vi pelo Facebook vários comentários de benfiquistas a "gozarem" com a derrota do clube. Do mesmo modo que me causava comichão os portistas a "gozarem" com as derrotas do SLB, isto também me causou.
Acompanhei o resultado do jogo e vi, e com algum contentamento, que o FCP tinha perdido, mas não vou andar para aí a bater palmas até porque tenho amigos portistas e é, para mim, uma falta de respeito para com a possível tristeza/descontentamento deles.

Noutros tempos era capaz, e às vezes apetecia-me ir mandar a umas bocas aqueles que também mandam bocas na situação inversa, mas isso são reacções de canalha, e apesar de por vezes ainda parecer uma criança, já é mais que tempo de reagir como um adulto crescido e ser superior a essas mesquinhices...

domingo, março 30, 2014

Fim da relação

Foram perto de 18 anos. Não sei se chegou a fazer mesmo os 18 porque estamos em Março e eu só tenho a certeza de já estar comprometido em 1996. Falo do meu primeiro telemóvel. Mais importante que o telemóvel (quantos já foram desde essa altura!) é o número, ainda na altura 936. Portanto não posso realmente dizer que mantive sempre o mesmo número estes anos todos, porque o 3 desapareceu e passou a ser obrigatório a certa altura marcar sempre os 9 algarismos. mas os últimos 7, aqueles que definiam o meu número foram sempre os mesmos.

Mas ao fim deste tempo todo acabei com esta relação. Depois de no final de 2013 ter deixado de ser cliente da EDP, agora deixei de ser cliente da PT. Mas sempre fui cliente da PT estes anos todos porque era da TMN. Eles quiseram-me fazer cliente do(a) MEO, até me chegaram a dizer por telefone "você é cliente MEO há tantos anos", mas tal como respondi à moça, eu nunca fui cliente MEO, fui por muitos anos cliente TMN.
E o terem mudado de marca não foi o que me fez sair, mas admito ter ficado um pouco chateado com a mudança. Certo que MEO é agora sinónimo de tecnologia, é a aposta total da PT pois junta todos os serviços, e tem os Gato Fedorento a fazer publicidade.
Só que acabaram com uma marca histórica, e que foi a primeira operadora em todo o mundo a lançar um serviço pré-pago (mais uma inovação portuguesa na área dos serviços de pagamentos).
E sinceramente eu nunca fui atraído para ser cliente MEO e só apreciava mesmo o facto de me permitir baixar os preços e melhorar os serviços na TV-Cabo, agora ZON, por causa da ameaça da mudança.

Há 4 dias atrás quando recebi a SMS que a portabilidade do número tinha sido efectuada e guardei o SIM da TMN (que nunca mais usarei) até me senti um pouco comovido. Foram muitos anos sempre na mesma operadora, deixa marcas. Eles mudaram o nome por uns meses, mas para mim ainda era TMN. Agora estou noutra e não acredito que diga um (anterior slogan) "até já". Fiquei-me pelo último: "vamos lá" mudar...

sexta-feira, março 28, 2014

Embaraçados com as pensões

Então os membros do Governo estão chateados porque saíram notícias a falar sobre cortes permanentes nas pensões para substituir a CES, que pelo próprio nome, era uma medida Extraordinária.
Coitadinhos, têm mesmo razão para ficarem embaraçados. É mais uma prova que não existe seriedade, honestidade nem coragem para fazer o que é necessário. Ao invés de se reformar o sistema de pensões, continua-se a ir pelo caminho de se cortar apenas. A CES vai-se transformar na CPS. E do mesmo modo volta-se a assumir que quem ganha mais de €1000 euros é rico, pois será a partir daí que haverá cortes. Isto até se aperceberem que a nível de salários cortaram acima de €650 e mais uma vez corta-se mais em quem trabalha do quem já trabalhou... Ou não...

Eu já defendo há muitos anos uma grande alteração no sistema de cálculo das reformas. Mas há quem sempre diga que mexer nas reformas é atacar uma classe desfavorecida e desprotegida. Que precisam para ajudar os filhos e netos (que pagam elevados impostos em parte para manter as reformas actuais). Que os reformados têm direito à sua reforma porque descontaram para ela. E em linha com o anterior, que os reformados são credores do Estado e a reforma é apenas o receber do empréstimo (descontos) que fizeram quando trabalhavam!

Isso é tudo muito lindo fosse verdade. Na verdade a nossa Segurança Social não funciona como um vulgar Fundo de Pensões em que a nossa contribuição é colocada de parte a capitalizar e depois quando nos reformamos vamos recebê-la. Poderia ser assim, é verdade, mas aí as pessoas iriam notar que não receberiam tanto como com as actuais regras.
Na verdade a SS é um sistema solidário de transferência inter-gerações em que o que é descontado hoje serve para pagar as pensões de quem está reformado hoje. Não existe capitalização dos descontos porque são imediatamente entregues aos actuais reformados.
E foram decididas regras de cálculo das reformas para as quais se sabia que os descontos não eram suficientes. Mas funcionava porque na altura havia poucos reformados e muitos contribuintes, assim como descontava-se 45 anos e só se recebia reforma uns 15 (o que permitia que a reforma fosse 3x superior aos descontos sem o sistema entrar em falência). Mas de há uns anos para cá existem cada vez mais reformados, e com o aumento da esperança média de vida, estão muitos mais anos a receber. E como as pessoas começam a trabalhar (com descontos) cada vez mais tarde estamos numa situação em que financia-se a SS durante menos anos, mas recebe-se dela mais. Isto é insustentável digam o que disserem!

E ainda pior quando temos casos como a Assunção Esteves. Ela, que não é caso único, consegue ser um exemplo para várias coisas erradas com as regras das pensões (algumas corrigidas entretanto).
Trabalhou mais ou menos 10 anos (pois só concluiu a carreira académica em 1989), reformou-se aos 42 (em 1998) e está este tempo todo a receber uma reforma que agora é de €7255! Admito que me custa a entender como chegou a este valor, porque quando se reformou (como na notícia abaixo) "só" tinha uma reforma de pouco mais de €2300 (em escudos na altura):

Mas aqui temos um caso de alguém que descontou menos de uma dúzia de anos, e depois estará pelo menos 50 anos (ela está bem estimada, chega claramente aos 90) a receber. Mas alguém pode dizer que ela descontou na sua curta carreira contributiva dinheiro para receber os mais de €7000? Nem para receber os €2300 quanto mais...

E a Assunção Esteves não é caso único. Muitas outras pessoas beneficiaram das regras que lhes permitiram aferir uma pensão de valor equivalente (alguns casos superior até) ao seu salário, quando o desconto desse salário seria sempre na ordem dos 34%. Eu conheço pessoalmente várias pessoas que recebem actualmente de reforma mais do que alguma vez ganharam por mês quando trabalhavam. E estão para durar uns largos anos, tal como a Assunção Esteves...

Se eu ganhasse uma média de 1000 euros mensais durante 30 anos, descontaria por mês na ordem dos €345 euros para SS (que serve para tudo não é só reforma). Se me quisesse reformar com 80% do meu salário, €800, os meus descontos dariam só para 13 anos. Se o dinheiro fosse colocado num fundo de pensões, a render juros a uma taxa média de 5%, então daria para receber 80% do meu anterior vencimento durante 30 anos também.
Isto se a SS funcionasse como uma vulgar fundo de pensões, mas não funciona até porque a TSU serve para pagar todos os apoios sociais, não é só para as reformas.
Mas nenhum sistema do mundo permite que se receba mais durante mais anos, a não ser que se consiga taxas de juro elevadas, mas essas nunca são garantidas e pode-se mesmo perder dinheiro em certos anos.

Com tudo isto quero dizer que os governantes têm de sentir embaraçados sim. Embaraçados porque não conseguem mais uma vez alterar um sistema que é deficitário e insustentável pelas actuais regras mas ao invés de se reformar esse sistema com novas regras e novos métodos, apenas usa-se um corte em cima do que já existe. Não é nenhuma medida estrutural nem sequer é a mais justa, mas é a única que estes gajos sabem implementar...

quarta-feira, março 26, 2014

Não DE mesmo

O meu amigo Cravo, que anda sempre em cima do acontecimento, reparou que tenho andado numa fase de estupidez, pois classifico muita coisa, e gente também, de estúpida. Ele mostrou-me que existem mais razões para os comportamentos para além da estupidez. Ele tem razão, nem toda a gente ou atitude é estúpida; a pessoa pode ter a cabeça cheia de merda ou ser completamente marada dos cornos. E sem dúvida nenhuma que existe quem corresponda aos 3 "atributos"...

Mas fica-me difícil evitar que o termo estúpido venha-me à mente, sobretudo quando tento seguir as notícias através de órgãos de comunicação social. Há uns tempos nem sei bem quando, decidi seguir a página do Diário Económico no Facebook. O porquê deste jornal nem sei bem, acho que na altura gostava das notícias que abordavam um pouco de tudo sobretudo de um prisma económico que eu acho sempre interessante. Ao seguir no FB recebia as notificações na minha página inicial.
De há uns tempos para cá, comecei a ver mais coisas e então entornou-se o caldo.

Por alguma razão o DE publica a mesma notícia, por vezes com título ligeiramente diferente e outra imagem associada, diversas vezes por dia. Começa a parecer spam. Depois é uma consistência editorial fantástica, pois tão depressa diz que Wall Street está a sofrer com a situação da Rússia e Crimeia para logo a seguir dizer que Wall Street está em alta. Ainda sobre a Rússia, ora o rublo está a cair, ora momentos a seguir está em máximos históricos.
Mas ainda conseguem ser pior que isto, ao colocarem certas notícias de cariz claramente económico e parecerem um qualquer pasquim que limita-se a referir as coisas por alto e até a lançar sugestões quando já existem dados em concreto.

Tenho dois exemplos em que tive de comentar.
Primeiro uma peça intitulada O perigoso fenómeno dos novos pobres que fazendo jus ao título é muito pobre. Aborda o assunto por alto, apresenta uma ou outra teoria mas nada de números estatísticos nem explicar o que se considera limiar da pobreza dentro da UE e mesmo OCDE pois com esses números e comparando com os rendimentos declarados, ver-se-ia que Portugal sempre teve uma enorme fatia de população no limiar da pobreza.
Depois outra, Uma execução suportada pelos contribuintes, uma das muitas que publicaram sobre últimos dados de execução orçamenta, em que mais uma vez lançam suposições, sendo para mim a mais "brilhante" é esta: pode ainda ser por uma retoma de consumo! Quer dizer, isto é um jornal económico e lançam esta teoria quando os dados recolhidos do INE mostram que o consumo privado das famílias tem aumentado? Não existe a possibilidade de uma retoma de consumo, isso é uma realidade, daí as receitas do IVA terem aumentado!
E dizem-se estes gajos jornalistas...

Eu bem que posso tentar não usar o termo estúpido, mas não dá mesmo. Mas posso sempre dizer neste caso que são burros e malandros...

PS - Para não me "chatear" sozinho, vou ter de deixar de seguir a página do DE para não ver tanta idiotice partilhada n vezes...

segunda-feira, março 24, 2014

Segunda-feira agitada

Nos próprios Países Baixos não se param as coisas pelo Rei (antes Rainha) apesar de gostarem da família real, mas existe uma realeza mais importante, que curiosamente vem de uma República e que se chama Presidente dos Estados Unidos. Aí quando ele chega num sítio tudo para e tudo é diferente.
Museus fechados, pessoas obrigadas a sair e tirar os carros da sua própria rua, helicópteros (não é um, foram vários, no mínimo 8) a aterrar em plena Museumplein, enfim... Até o espaço aéreo no aeroporto de Schiphol ficou interdito para Sua Excelência passar.
A A4, autoestrada que vai de Amesterdão a Haia (e depois para Roterdão) estava cortada ao transito e tudo.

Tudo isso fez com que o inicio da manhã fosse diferente. Começou logo por ver um Citröen C3 de matrícula portuguesa estacionado no parque da IBM, mas na zona VIP (o mais perto do edifício e que dizem que é só para estacionamento de curta duração). Depois foi mais de 1 hora a aturar um gajo de Singapura que insistia que o produto não o deixa trabalhar, quando ele o está usar de maneira errada.
Entretanto lá começaram o desfilo de esquadrões de UH60 Blackhawk, o tipo de helicóptero usado nestas coisas. Deu-me logo vontade de subir ao telhado (o que é fácil pois estou praticamente no ultimo andar) com um RPG e fazer um remake do Black Hawk Down, mas não consegui uma aberta ... nem tinha nenhum RPG!
Ao menos posso dizer que o Obama já passou a uns 500 metros de mim (sorte a dele já viram?).

Depois foi o aperceber que tinha saído no jornal e logo a encher uma página completa do Diário de Aveiro:
Posso dizer que não foi esta a primeira vez que apareci no jornal, e já tinha também falado aqui no blog aquando da outra vez.
O título é uma das minhas frases à maneira, daquelas mesmo inteligentes que resultam em títulos porreiros, tal como "Ui que cena gay!".

Ao almoço chateei-me com um gajo por causa da situação da Crimeia porque veio com aquele paleio estragado, muito habitual aliás na sociedade, de que as pessoas culpam a Rússia mas a culpa é do Ocidente, e eu esta não podia deixar passar. Isso fez-me lembrar que já há bastante tempo que não faço previsões para esta situação. Bem, já deixou de ser tema quente, né? Ainda para mais que a Crimeia é fait accompli para Moscovo que agora prepara-se para avançar até à Transnístria (ou Trans-Dniestr). Se não sabem onde ou o que é, vejam na Wikipédia.

E entretanto lá apareceu, ou melhor, julga-se que já se sabe onde caiu o Boeing 777-200 do voo MH370. Parece quase uma spin-off do Lost (o avião também era um 777-200) onde o avião desaparece, depois aparece mais tarde noutro sítio e vai-se a ver os passageiros andam a viajar entre décadas diferentes conforme a Ilha salta no tempo e espaço...
Outra teoria que tenho, uma vez que haviam russos naquele avião, é que eles durante o tempo que andaram desaparecidos terão feito um referendo para ingressarem na Federação Russa, mas antes de serem anexados acabou-se o combustível porque os aviões ainda não andam a gás natural da Gazprom...

Entretanto fico a saber que um gajo lá da equipa vai cus porcos e é por essa razão que estão a tentar convencer um gajo (que pelos vistos é muito bom tecnicamente) a regressar. E eu que andava a ficar preocupado com o regresso desse gajo que iria dificultar os meus planos de world domination (ao estilo Putin). Pelo menos terei a vantagem dele ser um gajo que se caga para o processo e a empresa está agora "pior" nesse sentido do que quando ele cá esteve. E ainda para mais agora que já consegui controlar certas coisas de gestão, como por exemplo organizar o calendário, o que me vai permitir aprovar o meu próprio pedido de férias...

domingo, março 23, 2014

As pessoas são estupidas

Eu sei que tenho a mania que sou inteligente. Neste caso não vou ser modesto, eu sei que o sou e já tive durante a minha vida imensas provas disso mesmo. E para alem do mais costumo ter facilidade em discutir sobre quase tudo pois consigo entender a maioria dos assuntos rapidamente e tenho imensa facilidade em encontrar fontes de informação válidas (então agora com a net é uma maravilha, mas é preciso saber filtrar o lixo), e consigo reter muita coisa de assuntos variados.

Acredito plenamente que em conversas, sobretudo com pessoas que me conhecem pouco, darei a imagem de ser arrogante, convencido e outras adjectivos similares que significam basicamente "um mete-nojo".

E portanto vai sair muito mal o que vou dizer a seguir, pois vou ser completamente honesto cagando no chamado "politicamente correcto":
Ao longo dos dias, vendo diversas situações, tendo várias discussões em pessoa ou cibernéticas, chego à conclusão que muitas pessoas, bem mais do que deveria ser normal, nos tempos recentes agem de maneira estúpida. E cada vez mais!
Mas é curioso que muitas vezes não é por não terem inteligência, é porque decidem ser malandras e consumir a propaganda que lhes é metida debaixo dos olhos sem sequer reflectir ou pensar nas coisas.

Vê-se isso conforme as pessoas reagem à actualidade e como de repente uma pessoa segue a tendência de criticar fulano e logo a seguir como a tendência muda, já se critica sicrano.
Partilha-se todo o tipo de noticias e opiniões, as vezes copia-se o que se vê noutro sitio, porque agora toda a gente tem uma opinião formada sobre tudo, mas nem se apercebem que o que dizem são barbaridades.
As pessoas abdicam de ler, pensar, estudar e formar a sua própria opinião. Ainda para mais na era da informação as pessoas apenas caem na propaganda que soa melhor, seja dos media, dos "textos bonitos" que abundam nas redes sociais, ou a propaganda populista de muitos partidos políticos.

Para mim é claro que muitas pessoas apenas lêem títulos e cabeçalhos de notícias, acreditam no diz-que-disse, e limitam-se a usar a sua percepção do estado das coisas para atingir as suas conclusões. E como disse atrás, abdicam de ver, analisar, reflectir e criticar (não no sentido de falar mal) e finalmente entender.

Só isto explica que veja pessoas cheias de razão a dizer que 24 mil milhões é mais que 90 mil milhões:
Só isto explica que veja no Facebook alguém indignado por ter comprado uma coisa nos States e ter sido obrigado a pagar custos alfandegários;
Só isto explica que as pessoas constantemente digam que tudo é mau (saúde, crime, economia) mas quando se pergunta da sua própria experiência digam que nunca tiveram problemas até à data;
Só isto explica como podem pessoas de bicicleta jogarem-se para a frente de um tram que vem depressa, porque nesta cidade toda a gente diz que as bicicletas é que têm prioridade;
Só isto explica que pessoas que trabalham comigo há (muitos) mais anos que eu, continuam a repetir os mesmos erros e a fazer as mesmas perguntas de sempre;
Só isto explica porque quando alguém na net recebe o site de um local público de encontro com morada e detalhes, pergunte "mas como é que se vai para lá?";
Só isto explica que um gajo que ande sempre a dizer que é o que mais trabalha, consegue incutir essa ideia nos outros, chegando-se ao cúmulo do chefe, a mostrar estatísticas que provam o oposto, dizer "como vêm ele é o que trabalha mais";
Só isto explica que tu digas uma coisa e logo a seguir vem alguém que diz "não" mas repete precisamente aquilo que acabaste de dizer;
Mas nada disto explica que as pessoas deixem sacos do lixo no passeio ao lado de um contentor que está cheio, mas com um contentor vazio 10 metros ao lado.

E quanto mais vou vendo estes tipo de comportamento, este agir de forma estúpida, acabo por pensar cada vez mais para mim: as pessoas estão (são) estúpidas!

sábado, março 22, 2014

Não me chateies que eu aprendo bem sozinho

Para quem ainda não sabe eu sou um gajo que prefere fazer as coisas por mim mesmo. Ao estilo desta imagem ao lado com o lugar comum bonitinho, eu acredito que temos de errar e bater com os cornos na parede para apreender realmente a fazer as coisas e bem, e assim chegarmos ao sucesso profissional e pessoal e coisas assim.

Apesar de gostar de trabalhar em equipa sempre fui individualista nesse ponto, do querer a todo o custo saber fazer as coisas sozinho e sem pedir muitas ajudas. Agora lembrei-me duma frase dita por um colega meu bem mais velho e uns anos mais tarde: "tu sempre foste um caso curioso porque tu nunca fazias perguntas, não tinhas dúvidas".

Aqui no meu novo trabalho acontece o mesmo, tendo já tido os meus colegas seniores dizerem-me que eu não lhes pergunta coisas repetidas e nem costumo ocupar muito do tempo deles.

Faz parte desta minha vontade de querer fazer por mim para aprender a faze-lo da melhor maneira que me convém. E faço isto em muitas coisas, até quando vim para aqui apesar de fazer perguntas e aceitar ajuda, acabo por fazer as coisas à minha maneira.

Voltando ao trabalho, apesar de alguns dos seniores já me tratarem como semelhante e até recorrerem à minha ajuda de vez em quando, ainda existe lá um que não me parece considerar da mesma forma.
Ainda por cima é um dos mestres dos procedimentos, nomeadamente o que seguimos agora que são as 13 Melhores Práticas, para as quais ele contribui imenso.
Primeiro sempre que recorria à sua ajuda num caso ou noutro parecia que ele complicava mais do que ajudava, fazendo quase sempre duvidar de mim mesmo. Depois ele foi meu coach durante um ano, onde novamente me fazia duvidar, não parecia aceitar os meus argumentos e pretendia que eu mudasse a minha forma de trabalhar.
No entanto eu sempre fui relutante a acatar os conselhos dele, sobretudo porque duvidava do real valor dos mesmos e acima de tudo, ao ver as estatísticas que servem para avaliar o nosso trabalho, ele sempre foi dos piores em quase todas. A cada trimestre que passava eu ficava mais confiante e mais convencido que não precisava de fazer o que ele me dizia porque só tinha a perder. Tendo recorrido cada vez menos à sua ajuda e agora nem lhe faço perguntas nenhumas a não ser se for estritamente necessário (e felizmente arranjaram-me um outro coach com a qual posso conversar).

Hoje tive a prova que o meu pressentimento era o correcto, pois tive de tomar conta de casos dele devido à sua ausencia (e de muitos outros colegas também).
Constatei que ele não faz praticamente nada daquilo que advoga nas Melhores Práticas. Além do mais, como é fraquinho tecnicamente, faz perder muito tempo ao cliente com perguntas de relevo muito discutível. Mas o pior mesmo é não seguir os próprios processos que tenta impor aos outros.
Portanto ele a mim tentava que eu mudasse a forma de trabalhar porque é boa mas longe de ser a melhor, mas ele, tal como as estatísticas mostravam, trabalha pior e nem seugue as próprias regras que criou.
Um verdadeiro caso do "faz o que te digo e não olhes para o que eu faço".
Depois não admira que os clientes lhe dêem fraca pontuação nos questionários de satisfação.

Existem pessoas melhores que eu, das quais aceito conselhos e guardo as dicas, mesmo que no final faça da minha maneira (como desrevi em cima), mas a este gajo não reconheço autoridade, capacidade e agora nem moral para vir mandar bitaites da maneira como eu trabalho.
Mesmo a fazer errado e a partir pedra até aprender, agora não tenho dúvidas que trabalho bem melhor e muito mais em prol do cliente, que ele.

Exerci o meu dever cívico

Ao fim de quase 3 anos e 4 meses fiz neste meu novo país uma das coisas que pretendo continuar a fazer sempre: votar em eleições.
Sou um acérrimo defensor do direito, ou dever, de voto, pois é a única forma que temos de manter a democracia, por si já cheia de defeitos, a funcionar o melhor possível.
E acredito sempre que o nosso voto pode fazer a diferença, mesmo que se ache que vá tudo dar ao mesmo.

Ora aqui na Holanda um cidadão da UE registado pode votar imediatamente para as eleições municipais onde reside. Os outros estrangeiros têm de esperar 5 anos, mas os da UE não e acho que está muito bem.
Tal como já mencionei noutro dia, recebi em casa uma carta com 2 coisas chamadas stempas, que traduzido dá em passe de voto. Ora portanto o eleitor não precisa de se recensear, ao estar registado num município está automaticamente recenseado no mesmo. Mas é necessário usar o stempas para poder votar, pois ele é que é a prova que estamos autorizados para votar.
Para estas eleições recebemos 2, um para a Gemeente (Câmara) e outro para o Stadsdeel (Freguesia).

O curioso é que com o stempas podemos ir votar onde bem quisermos. Para a Gemeente pode ser em qualquer assembleia de voto na cidade, mas para o Stadsdeel tem de ser num local dentro do próprio.
E também podemos delegar o voto noutra pessoa, ao assinarmos o stempas e especificarmos quem vai votar por nós.

Quando fui ver no mapa reparei que existiam imensos locais de voto espalhados pela cidade. Tinha um aqui mesmo no edifício ao lado, a 200 metros ou assim. Julgo que isso é assim para facilitar uma vez que o dia das eleições é sempre a uma quarta-feira daquilo que me disseram os meus colegas. Por essa razão é que os locais de voto abrem das 7:30 até às 21:00.
E aqui vota-se com um lápis vermelho e não se faz cruz. Enche-se um circulo que corresponda ao nosso voto, daí o símbolo das eleições ser precisamente o lápis vermelho.
Dizia um colega meu ontem ao almoço que o lápis vermelho é o melhor método para impedir falcatruas...

Como já tinha dito, já sabia o partido em que iria votar, mas não contava ter um boletim de voto do tamanho de um lençol!



É que aqui na Holanda existe um conceito de eleição directa. Para além de escolhermos o partido, escolhemos também quem queremos que tenha assento na assembleia desse partido. Por isso os boletins trazem as listas completas dos partidos e podemos escolher qualquer um dos candidatos.
No mesmo voto dizemos que partido queremos (portanto a percentagem dos votos totais) mais o nosso candidato escolhido dentro do partido.
Imaginando que um partido recebe votos para eleger 4 deputados municipais, os 4 mais votados da lista desse partido são os que irão ocupar o cargo, e não os 4 primeiros da lista ou os 4 que o partido decida eleger entretanto.

Eu fiquei um bocado confundido; tinha-me preparado para o partido mas agora escolher quem? Acabei por seguir uma regra, a primeira gaja que aparecesse na lista para o partido em questão, porque gosto de gajas.
Se as gajas que escolhi chegaram a ser eleitas ou não, não sei, mas o meu voto contribuiu para acabar com 66 anos de domínio do partido PvdA (Socialistas) em Amesterdão, chegando agora ao poder os sociais-liberais do centro (pois não são esquerda nem direita) do D66.
Eu portanto estou do lado dos vencedores...

quinta-feira, março 20, 2014

Pensar demais dá nisto

Quando não entro naquelas fases semi-depressivas, e espero andar longe delas por bastante tempo pois andava num ciclo perigoso há uns tempos, a minha cabeça está sempre a pensar em coisas. Até durante o trabalho dou por mim parado (e interrompi o que estava a fazer) porque veio-me qualquer tema à alembradura e já estava a pensar em qualquer cenário complexo por causa disso. Depois não admira que chegue a casa, coma e esteja exausto, adormecendo a maioria das vezes no sofá quando estamos a ver qualquer coisa...

Se for para a cama e continuar a dormir, acordo cedo, entre as 5:00 e as 5:30 da manhã com a cabeça a trabalhar a máxima rotação, logo, mesmo que tente ficar na cama tenho de me levantar.
E nos tempos de agora, tenho de satisfazer a minha fome de informação, e como fico frustrado com os canais de notícias que estão sempre a dar as mesmas (e poucas) repetidas e a perder tempo com entrevistas a um fulano qualquer que não interessa nada, sou forçado a ligar o computador e navegar na net, nas muitas fontes de informação diversas que temos hoje o nosso dispor.

Ou então tenho reflexões na minha cabeça, que preciso passar para texto escrito, pois uso também a net, e as diferentes redes sociais (blog, twitter, facebook) para esvaziar a mente, ao libertar os pensamentos que tenho aqui presos.

Mas por vezes acontece outra coisa. Por alguma razão desperto antes de ir para a cama (ou, como esta noite, depois de ter ido para a cama) e lá sinto necessidade de esvaziar a mente (e depois enchê-la com novos temas que vou consultar na net já a seguir).

Então hoje, no espaço duma hora, vim para aqui e escrevi o rascunho (algumas quase completas já) de 7 publicações diferentes, 3 dissertações, 3 crónicas e 1 capítulo de um conto de ficção que comecei a escrever num comboio em 2007 e apenas 7 anos depois me decidi a continuar essa aventura.
Ah, e este post também, que é um misto de dissertação e crónica.

E agora que me sinto satisfeito por ter esvaziado as reflexões da minha cabeça, mas sem sono algum, vou arranjar aquilo que os anglófonos chamam de food for thoughts, até estar quase a cair de sono e ir então dormir umas horitas, só naquela da cena...

segunda-feira, março 17, 2014

We Are The Champions @ Wembley

Ontem à noite estava com o bebé e comecei a cantar love of my life, don't leave me. A Carolina pergunta que música era, porque ela lembrava-se mas não ao certo de quem, e eu disse dos Queen.
Ela como estava ao computador foi procurar e encontra um vídeo ao vivo, que começa com uma guitarra de 12-cordas.
Eu vou espreitar o vídeo e digo "ah isto é Wembley 86, de certeza" ao que ela vai ler a descrição e confere.

Pergunta-me "Já viste este concerto alguma vez?". "Sim, há muitos anos. É daqueles concertos brutais.". Ela põe a tocar um vídeo com o concerto, e eu lembro-me que o podemos ver na TV (tenho uma SmartTV, não das recentes que dá para instalar apps mas tem o YouTube).

E assim ficamos a ver, durante o jantar, enquanto o menino adormecia (ao som da Bohemian Rhapsody o que foi uma evolução em relação à vez anterior que a ouviu) e já depois, enquanto descontraía no sofá com o computador ligado (a ver se havia algo de inesperado na Crimeia).

A Carolina tinha posto uma publicação no Facebook, e chegando ao final do concerto, de acordo com a música que estava a tocar, eu que acompanhava com gosto (mas relativamente baixo que o bebé já estava na cama) pensei "vou lá comentar na publicação dela". E assim começo a teclar "we are the champions, we are the champions, no time for loosers, cause we are" e de repente alembra-me: eh pá, independentemente do resultado do jogo, vão pensar que tou a escrever isto porque acho que o Benfica já vai ser campeão! E cancelei o comentário.
Acho que fiz bem, apesar de nada ter a ver, haveria certamente quem achasse que eu estava a cantar vitória (o que é um hábito dos benfiquistas) e só me safaria de levar com bocas por estar a comentar na página da Carolina (e mesmo assim não sei).
Só pouco depois, e porque esta coisa que me fez pensar no jogo é que fui ver o resultado.

Foi uma daquelas coisas de momento, o que poderia ser uma infeliz coincidência (pelas possíveis reacções) mas que também felizmente foi evitada e agora pode ser correctamente contextualizada.
O que acabou mesmo por ser uma infeliz coincidência não evitada foi a gata ter ido cagar enquanto eu escrevia isto...

PS - Admito que já não me lembrava que neste concerto aparecia claramente, e até lhe davam destaque, o 5° elemento que tocou com eles durante muitas tournées (e era o teclista secundário da banda). Um gajo chamado Spike Edney e que pode ser visto a tocar guitarra ritmo ao lado de Brian May na Hammer To Fall

sábado, março 15, 2014

Ora tiram, ora voltam a dar

No ano passado comecei a pagar IMI pois findaram os 10 anos de isençao para a primeira residencia (ainda sou desse tempo).
Em Março lá recebi a nota de cobrança com uma PRESTAÇÃO ÚNICA de €75 pois, tal como escrito na própria: Na liquidação do IMI foram aplicadas as cláusulas de salvaguarda previstas na lei (variação máxima: € 75 ou 1/3 da diferença face ao IMI devido no ano anterior) ou o art. 138º do CIMI.

Até fiquei satisfeito, pois isso parecia significar que durante uns 3 anos ainda pagaria menos que o valor total, por causa da variação máxima de €75 (ou o tal 1/3).
Claro está que em Outubro, tal como muitos outros portugueses, recebi uma nota de cobrança ADICIONAL, que já não continha qualquer referência à clausula de salvaguarda.
Ora bem, o valor do IMI até nem é nada de especial (o executivo do Elio Maia decidiu-se por uma taxa muito reduzida) e eu só me ri na altura pensado "pois é preciso encaixar o máximo portanto acabou-se a benesse". Mas este assunto tornou-se obviamente notícia pois muita gente não percebeu e com razão sentia-se roubada pois já tinham pago aquilo que era designado de PRESTAÇÃO ÚNICA.

O curioso é que agora, chegamos novamente a meados de Março e lá vem as notas de cobrança do IMI (que recebo electronicamente pelo ViaCTT mas também posso ver pelo Portal das Finanças), e agora recebi uma 1a. PRESTAÇÃO e lá está outra vez o mesmo texto da salvaguarda. O que no meu caso nem faz muito sentido porque esta 1a. PRESTAÇÃO é de 50% do total do imposto, apesar de realmente não ter aumentado €75 (e não há diferença do IMI do ano anterior).

Pelos vistos, foram criticados por terem tirado a clausula de salvaguarda, então parece que voltaram a dar, mas como no ano passado as pessoas já pagaram a totalidade, e não terão havido grandes diferenças do valor do IMI (e daí talvez não), não muda nada a não ser as pessoas pagarem agora em prestações (li que podem ser 3).
A clausula de salvaguarda fará sentido em casos de reavaliações ou alterações da taxa municipal e que resultem num aumento do IMI total a pagar. Resta saber se tal como vem escrito na nota de cobrança, o valor a pagar nesse ano não aumentará mais de €75 (ou 1/3 da diferença) no total.
Acho que com isto das prestações algumas pessoas nem se aperceberão bem do que pagarão na realidade...

quinta-feira, março 13, 2014

Está quase a começar

Há 3 semanas atrás falei dos testes da Fórmula 1. Agora estamos a menos de 8 horas do inicio oficial da temporada 2014, com a primeira sessão de treinos livres, vulgo FP1, em Albert Park (Melbourne, Austrália).

E esta sessão já vai mostrar qualquer coisa de diferente. Porque agora já será oficial e já teremos os 22 carros em pista, esperemos que muitos ao mesmo tempo (durante os testes só rodava um carro por equipa).

O que é que se espera? Muita incerteza que as sessões de treinos livres não vão dissipar completamente porque continuaremos sem saber o comportamento em corrida. Mas irá certamente confirmar se temos 4 equipas afastadas para já da luta pelos pontos, quanto mais vitórias.
A Red Bull (actual campeã), Lotus, Toro Rosso e Caterham, estão equipadas com os motores Renault que tiveram uma performance em testes muito fraca. sobretudo ao nível da fiabilidade, pois parece ser o motor que aquece demais. E nunca chegou a ser rodado a fundo, explicando isso parte dos tempos mais lentos serem destas 4 equipas. Se bem que a Red Bull ainda deu um ar da sua graça fazendo um tempo ao nível dos melhores numa sessão de testes. Questão é saber se o carro aguenta uma corrida inteira sem ter avarias, ainda para mais o Red Bull que parece ser quem mais sofre dos problemas de aquecimento por terem soluções mais radicais a nível do design compacto do carro.
Mas na verdade todas as equipas tiveram avarias graves durante as 3 sessões de teste da pré-temporada. Mesmo os carros equipados com motores Mercedes, que parecem ser de longe os mais rápidos, chegaram a perder um dia completo devido a problemas técnicos.
Isso deixa em aberto uma possibilidade de bastantes avarias durante as primeiras corridas, e portanto mesmo que algumas equipas não consigam rodar ao máximo até podem pontuar e chegar ao pódio por causa dos problemas alheios.
Não acredito muito nesse cenário, mas é sem duvida uma possibildiade.

Se a tendência dos testes comprova-se em corrida, vamos ter a Mercedes como a grande candidata ao domínio inicial, mas com a McLaren e a Williams, que tem a melhor decoração dos últimos anos, lá perto. A Ferrari parece-me um pouco atrás em termos de performance, e poderá ter que ficar atrás de todos os carros equipados com motores Mercedes, caso eles cheguem ao fim, mas tem uma dupla fantástica de pilotos e estes ainda contam muito. Aliás de acordo com os pareceres dos pilotos, este ano contam bem mais que antes.

Apesar de serem outros motores, eu não me esqueço da tendência do ano passado, dos Mercedes serem muito fortes em qualificação, andarem pela frente no inicio mas depois, caírem imenso durante a prova, muito por causa da gestão de combustível (eram imensas as mensagens de radio para os pilotos abrandarem). Não se pode descartar que os Mercedes, sejam os mais potentes e os mais rápidos em qualificação, mas a meio da corrida tenham de andar a gerir o combustível e baixar imenso o ritmo, dando chances à Ferrari e Sauber e até mesmo equipas com motor Renault (Red Bull e Lotus sobretudo) de chegarem-se à frente por serem (eventualmente) melhores na gestão do combustível, Este ano o consumo tem uma importância bem maior do nas épocas transactas e com motores novos ainda há muita coisa que pode correr mal.

Estou ansioso por ver a primeira sessão mas ainda mais para a corrida de Domingo.
Espero que não seja uma época monótona

Na próxima semana vou votar

Já tinha falado das eleições Europeias e de que posso votar aqui, mas entretanto recebi nova correspondência, desta vez em Holandês, com os papeis necessários para votar nas eleições municipais, do próximo dia 19 de Março. E recebi 2, um para a Gemeente (Município) e outra para o Stadsdeel (Freguesia). Aqui não é preciso recenseamento e para os cidadãos da UE basta estarem inscritos que podem logo votar. A esposa só está inscrita desde Janeiro e já pode ir votar para a semana!

E para começar tenho de falar dos (muitos) partidos e listas que se apresentam "a concurso". Comecemos logo com esta imagem que coloquei aqui à esquerda. Isto é de um candidato ao município daqui ao lado que promete combater a fraude e as injustiças, demonstrado pelo acto dele de açoitar outra pessoa (um adversário político ou um prevaricador). Isto é mesmo real, passei por este cartaz no outro fim-de-semana.

Mas aqui em Amesterdão temos outros casos curiosos. Em casa recebi 2 panfletos, um do Partido dos Velhotes e outro do Partido Multicultural que apesar do nome todos os membros da lista são Turcos e Árabes. Existe também uma outra lista cujo símbolo e slogan é Tulipas para Amesterdão.
Alguns só concorrem a certas freguesias, outros só concorrem ao município. Aí posso escolher entre o Partido Pirata (este existe até a nível europeu) e o Partido para os Animais, que caso a escolha fosse por símbolo (uma vaca com uma flor na boca) ganhavam o meu voto. Mas existem muitos com nomes sugestivos, como Partido do Rendimento Mínimo, Novo Futuro de Amesterdão e ainda Red Amsterdam.

Desconhecendo o panorama político daqui, a não ser meia-dúzia de coisas, decidi fazer o teste, onde nos fazem uma série de perguntas e comparam com as propostas dos partidos para classificar qual o mais próximo das nossas respostas.
Da primeira vez que fiz o teste deu-me o PVV, que é o partido da extrema-direita. Ora mesmo que o programa deles pareça corresponder ao que penso, nunca na vida voto em partidos de extrema. Fui fazer novamente o teste, tomando mais cuidado nas perguntas (que são em Holandês) e deu-me o D66, que de acordo com as notícias tem fortes chances de afastar o PvdA, os Trabalhistas que é como quem diz os Socialistas, do poder que detêm há 60 anos aqui em Amesterdão.
As tantas vou votar nesses gajos, pois parece lógico, mas nunca se sabe, posso sempre votar nos Animais, nos Piratas ou nas Tulipas...

domingo, março 09, 2014

Afinal os ricos até pagam impostos

Há uns tempos circulou pela net uma imagem do "Cassete" Carvalhas com a sua profecia sobre a moeda única onde ele, obviamente, repetia a "cassete" que a mesma ia trazer mais pobreza, mais desemprego mais desigualdade social e beneficiar os ricos e os bancos. Obviamente parece que o gajo tinha razão e afinal a cassete não era cassete nenhuma. Na altura nem comentei, não valia a pena, mas é óbvio que a cassete acerta de vez em quando. Este discurso do PCP é continuo para qualquer medida diferente do que eles defendem. E como um qualquer arauto da desgraça, a profecia acerta de vez em quando, mesmo que por motivos terceiros.

A "cassete" serve de introdução a esta dissertação por 2 motivos: primeiro porque a lenga-lenga de sempre não é bem aquilo que se pensa; e depois, ao contrário destas propagandas de esquerda que soam bem, ninguém partilha esta notícia sobre os factos que confirmam uma verdade diferente.

E essa verdade é tal como referi brevemente há coisa de 2 semanas, apareceu um documento com os dados das declarações de IRS (e IRC, mas dessas não vou falar) do ano de 2012 onde se ficou a saber que afinal os ricos pagam impostos. Nem sequer falando do IVA (onde quem consome mais, normalmente quem pode, paga mais) mas o próprio IRS, sobre os rendimentos englobados, onde vemos que o 1% dos mais ricos (com os maiores rendimentos) são responsáveis por 30% do total das receitas. E, ao contrário do que diz a "cassete" comunista, 65% dos contribuintes, com o menor rendimento, pagam apenas 4% do total da receita!
Portanto quando se diz à boca cheia que quem paga a maioria dos impostos em Portugal são os mais pobres é mentira!

Mas esquecendo essa cena da propaganda, o que este estudo me revelou e que considero impressionante é que 65% dos contribuintes em Portugal vivem com um rendimento até 10000 euros brutos anuais! Considerando a tradicional formula de 14 salários por ano, isto representa que 65% dos agregado familiares em Portugal vivem com menos de €715 brutos por ano! E como isto são agregados familiares, estamos a falar de famílias. Reparem que uma família de 4 pessoas, como 2 adultos empregados a ganhar cada um o salário mínimo (uma miséria já) cada um, já vai ter um rendimento anual de mais ou menos 14000 euros, ou seja, não estão nesta percentagem,
O Paulo, com quem debati este tema na sua página do Facebook, acha que estes valores são explicados pelo facto de existirem muitos jovens a viver em casa dos pais, logo apesar de entregarem o seu IRS em separado, dividem a despesa da casa entre mais contribuintes, resultando num orçamento familiar superior ao sugerido por estes dados.

No entanto eu não tenho tanta certeza. Usei dados estatísticos do PORDATA (por sua vez vêm do INE) e apesar de existirem discrepâncias para os dados do IRS, o que é normal pois um agregado familiar para o INE é diferente do número de declarações entregues, não acho que a larga maioria das famílias nestes 65% têm jovens a contribuir para o orçamento familiar. Mas essa é só a minha impressão.

De qualquer forma, estes dados mostram um dos grandes de Portugal. Uma grande maioria das famílias ganham, ou declaram, rendimentos baixíssimos, e como esses pagam pouco impostos, uma das falhas da nossa economia está demonstrado aqui.
Portanto para mim, ao contrário do que dizem muitos políticos, estes agora de direita, é um problema termos salários declarados tão baixos. Não admira que a economia tenha dificuldades em crescer, com tanta gente a viver com tão pouco.

Mas existe para mim outro factor que fica demonstrado por estes números. Uma vez que me custa a crer que 65% das famílias portuguesas conseguem viver com um rendimento tão baixo (basta-me olhar para o lado e ver como as pessoas aparentemente conseguem viver), considero que estes números revelam que existem muitos rendimentos não declarados. A economia paralela tem de ser bem maior do que estimado, e isso é outro problema enorme. Com tanto dinheiro a passar por fora das contas, o nosso PIB é mais baixo, todos os indicadores baseados no mesmo são mais baixos e logo tomam-se imensas medidas fiscais e económicas com base em premissas erradas.
E medidas como aumento de impostos costumam resultar em mais economia paralela, logo piorando ainda os indicadores e resultando em dados de IRS com cada vez mais pessoas a ganharem na fatia mais baixa e a pagar cada vez menos impostos.

Admira-me que só agora tenham decidido começar a estudar os dados para que se tenha uma imagem real do país. Este Orçamento Cidadão poderá ser uma ferramenta muito útil para se identificar problemas na economia e na política fiscal do país. Eu tenho ainda de o estudar com mais detalhe, por curiosidade apenas pois gosto de estar informado sem ser apenas com resumos (e facciosos muitas vezes) oriundos dos partidos (e do próprio Governo) e dos órgãos de comunicação social. Tenho é receio é que seja apenas (mais) uma coisa que vai ficar na gaveta e as decisões continuarão a ser tomadas mais em base para o lado que sopra o vento (da troika ou dos votos).

sexta-feira, março 07, 2014

Tudo mais calmo mas o risco permanece

De há 3 dias para cá, depois da confusão na base aérea de Belbek (a foto aqui ao lado) onde tiros foram disparados para o ar, as coisas acalmaram bastante no que toca a riscos de conflito.
Mas de todo podemos falar que a crise passou. Enquanto tivermos 16000 tropas russas, que não são russas, a ocupar e controlar a Crimeia e tropas ucranianas cercadas nas bases, há sempre risco de um momento para o outro os ânimos se exaltarem e alguém perder a cabeça. Mas é preferível estas tropas disciplinadas (não-)russas que as verdadeiras milícias populares de cossacos, pois esses gajos estão mais dispostos a armar confusão...

Apesar de eu pessoalmente ter logo pensado que era necessário tomar uma posição de força, que incluiria o reforço de meios militares na Polónia e no Mar Negro antevendo um conflito aberto, a diplomacia funcionou. É a minha opinião agora que o Putin apercebeu-se que apostou mas perdeu e agora tem de salvar a face para não sair fragilizado desta situação. Se tacticamente a Rússia tem a situação controlada, estrategicamente estão em risco de perder em todas as frentes. E curiosamente o papel do ocidente (Europa e EUA) é ajudar o Putin a safar-se deste imbróglio que criou.

Tal como eu já tinha escrito, os argumentos da Rússia e do Putin para a intervenção são muito fraquinhos. O Departamento de Estado norte-americano até publicou a sua refutação dos mesmos, um pouco mais completa que a minha, mas também tiveram mais tempo e eles são muitos a trabalhar em exclusivo para isto.
Uma das coisas que me parece desnecessário é arranjar provas que estas forças que estão no terreno são tropas russas. O embaixador russo na UN até apresentou provas para a intervenção e o envio de tropas. O Putin admitiu que foi legitimo enviarem tropas, agora é que dizem que não são, parte já do salvar a face desta situação!
E se ainda é remotamente possível considerar que as tropas são unidades de auto-defesa da Crimeia (ignorando todas as evidências), não há dúvidas algumas que em Sebastopol é a frota do Mar Negro que bloqueia os navios da Marinha ucraniana. Certamente o Putin não vai tão longe e afirmar que estes navios são agora de milicianos da Crimeia!

Mas numa coisa eu estava enganado. Disse que a Crimeia passava para a Federação Russa assim que fosse confirmada a sua secessão da Ucrânia, mas eles foram ainda mais rápidos. Já tomaram essa decisão. E vão ser um referendo em 10 dias. Um referendo sem quaisquer observadores internacionais, que são impedidos por grupos armados de entrar na Crimeia, e com 16000 tropas (não-)russas de armas a mão a controlar o mesmo. Presumo que este referendo seja como as eleições na Rússia. Como dizia o Estaline, o que interessa não e como se vota mas sim como se conta. Mesmo que 50% do povo da Crimeia não queria fazer parte da Rússia, o "Sim" à adesão vai ganhar para aí com 90%!

Como digo no título a situação está muito melhor agora. Só que não sabemos o que vem aí. Os russos têm razão numa coisa. Os grupos de extrema-direita que aos poucos vão assumindo mais protagonismo na Ucrânia são um risco para toda a gente. Estas facções são muito bem organizadas e arranjam logo uma força para-militar que dá jeito em certos alturas (como nas demonstrações) mas deixa caminho aberto a outras intervenções. Esta malta tem um objectivo e não perdem tempo em discussões políticas. Nem sequer precisam de chegar ao poder legitimamente, basta meter o pé na porta e esperar que os outros partidos discutam entre si. Assim que a malta estiver distraída eles usam a sua força e organização para tomar o poder, muitas vezes com o apoio popular porque eles até sabem dizer umas coisas, como meter as culpas nos estrangeiros e prometer glória à nação.
A BBC tem um artigo interessante sobre isto, onde mostra que não são um problema agora, ao contrário do que os russos argumentam, mas fica claro o risco que eles representam.

E afinal o Yanukovich não desapareceu. Está internado num hospital em estado grave. Bem que o Putin dizia que ele não tinha futuro político, apesar de ser o legítimo chefe-de-estado da Ucrânia. O Putin esqueceu de referir é que ele não tinha futuro, ponto.

quarta-feira, março 05, 2014

Demoro uma eternidade

Sinceramente não sei se é só de mim, que faço as coisas rotineiras de forma considerada lenta, ou se é um problema que afecta os outros, mas quando penso bem na coisa concluo que demoro uma eternidade para sair de casa, desde que me levanto.
O mais normal é passarem 3 horas desde que me levanto (não desde que acordo) até sair de casa ou chegar ao trabalho. Às vezes são 2,5 horas. Curiosamente nas poucas vezes que estou sozinho até demoro um tempo normal, pois já me levantei e saí de casa num dia de trabalho em 30 minutos.
E existe um padrão claro: quanto mais cedo me levanto mais tempo perco ... ou gasto.

Já me aconteceu levantar às 5:00 e só chegar ao tabalho depois das 10:00! Tendo em conta que costumo demorar no máximo 25 minutos a chegar de casa ao emprego, são mais de 4,5 horas a perder tempo ... ou a gastá-lo noutras actividades.

Ora vejamos, se acordo tarde, digamos que em cima já da hora planeada para começar a trabalhar (porque na realidade eu posso chegar todos os dias às 10:00 se quiser), tomo banho, o pequeno-almoço, visto-me, arranjo as coisitas e saio.
Se acordo muito cedo, cedo demais para me arranjar e ir para o trabalho, entretenho-me com outras coisas.

Normalmente ligo sempre o computador e vou ver as novidades pela net, ou seja, Facebook, notícias (desportivas e outras), ver os blogs que sigo e de vez em quando uns vídeos porno para me despertar...
Depois às tantas apercebo-me que tenho fome, então vou tomar o pequeno-almoço, sempre nas calmas. Ligo a TV e ou vejo o resto do episódio ou filme em que adormeci a meio na noite-anterior ou qualquer coisa de interessante na televisão. A maioria das vezes é canais de noticias, de musica ou o EuroSport. Costumo sempre demorar bastante tempo no pequeno-almoço, meia-hora no mínimo entre o preparar, comer e estar a ver coisas.
Depois vou tomar um duche, ainda nas calmas, isto se não tiver de ir mandar um fax antes.
A seguir vestir e preparar para sair, sempre nas calmas e em silêncio para não acordar o resto da família.

No ano passado eu sabia que procrastinava demasiado e era injustificável o tempo todo gasto para sair de casa. Agora apercebi-me que há outras justificações para o que faço. Primeiro eu agora faço as coisas ainda com mais calma e cuidado para não fazer barulho e acordar mãe e/ou bebé. E depois porque como tenho tempo arranjo sempre outras actividades para fazer como: limpar o caixote e dar de comida e bebida à gata;  preparar o biberão da manhã do pequeno; arrumar a loiça lavada da noite anterior; mudar a agua do bacalhau ou separar as postas e pôr no congelador; lavar biberões; tratar das coisas processuais ligadas ao dia-a-dia como imprimir papeis do banco que precisam de ser assinados, pagar contas, etc...

Tudo somado lá se vai para as 3 horas de tempo perdido, aliás, consumido.

E vocês? Também demoram imenso tempo de manhã? Passam esse período a fazer coisas diversas? Ou é tudo malta que acordam quase prontos e é só um instantinho até estarem de saída para enfrentar o dia?

terça-feira, março 04, 2014

Os argumentos da Rússia

Obviamente a Rússia tem os seus argumentos para ter ocupado militarmente a Crimeia. Algumas pessoas no Ocidente até parecem concordar com eles, tendo eu visto artigos em jornal que "justificam" com atitudes similar dos EUA. E se é verdade que os EUA intervieram militarmente noutros países sob o pretexto de mentiras, ainda existem algumas diferenças. Por exemplo os americanos inventam as desculpas antes de intervirem, os Russos são um pouco mais "originais" pois arranjam as desculpas depois!

A Crimeia era Russa antes de ser dada à Ucrânia, o que aliás foi um erro.
É verdade que os Russos controlaram a Crimeia em tempos do Império, foi da Federação Russa antes desta ter sido União Soviética e foi o Khrushchev que decidiu transferir a Crimeia para a Ucrânia. Este ponto é valido e ter-se-ia aceite que a Crimeia voltasse para a Federação Russa quando da independência da Ucrânia, mas não percebo muito bem porque é que nestes anos todos, isto não foi um "problema" para aquela malta pois nunca ouvi falar de um verdadeiro movimento popular para a sucessão da Ucrânia.

O povo da Crimeia é russo e os ucranianos são uma minoria.
Sim, nos dias de hoje a maioria da população da Crimeia é de origem russa. Mas os russos não se podem proclamar os "verdadeiros" detentores daquele território. Aquilo já foi controlado por todas as potências da história que possamos imaginar. Um povo ocupou a Crimeia por vários séculos, os Tártaros (muçulmanos) e os russos só se tornaram a maioria quando depois da 2a Guerra Mundial o Estaline deportou os tártaros para Sibéria e reocupou a Crimeia com russos.

A Crimeia tem direito à sua autonomia e independência.
Tem sim senhor, tal como a Escócia e como a Catalunha (sem falar noutros). A Crimeia sempre foi aliás uma república autónoma no seio da Ucrânia, portanto a autonomia nem está em causa. Aceito que com a mudança de regime na Ucrânia e uma tentativa de adesão à UE, a malta da Crimeia queira agora a separação, isso é legítimo. Mas não deixa de ser curioso que eles só tenham avançado com isso mesmo depois de um grupo armado (russos, sem qualquer dúvida) ter tomado o Parlamento local e nomeado um novo Primeiro-Ministro, quando o anterior tinha posto de parte a secessão para já.
E também é tudo uma falsa questão pois não tenho dúvidas que se a Crimeia se separa efectivamente da Ucrânia, é imediatamente anexada à Federação Russa.

O novo governo de Kiev é ilegítimo.
O Medvedev chamou-os até de amotinados. A Rússia considera que o presidente deposto, Viktor Yanukovych, é o legítimo chefe de estado. Até se podia aceitar não fosse o facto de que ele fugiu do país e foi o próprio parlamento ucraniano, que não mudou, que decidiu depo-lo e nomear um governo interino enquanto se espera as novas eleições. Isto que sucedeu em Kiev, concorde-se ou não, foi para mim um processo normal democrático.
Acho também muito curioso que a Rússia já considere legitimo o novo Governo da Crimeia que foi nomeado por um Parlamento ocupado por um grupo armado de estrangeiros (que julgo ainda lá continua de armas em riste). A mudança de governo na Crimeia é que corresponde a uma situação de motim, pouco ou nada democrática.

Os líderes legítimos da Crimeia e Ucrânia pediram aos russos para intervir.
Tal como disse antes, considerar o novo governo da Crimeia e o Yanukovich legítimos é esticar a corda um bocado. Para além do mais os russos intervieram antes de qualquer pedido de ajuda. Aliás foi a primeira intervenção que colocou um novo Governo na Crimeia e a suposta carta do Yanukovich tem data 4 dias depois dos Russos terem confirmado as tropas! E curiosamente depois da conferência de imprensa do Yanukovich ainda no início da crise na Crimeia onde ele claramente disse não querer intervenção russa, o homem "desapareceu"...

A Rússia interveio no seu direito internacional de proteger os seus cidadãos que estão em risco.
Este é para mim o argumento mais correcto para legitimar qualquer intervenção militar estrangeira num país. Os franceses têm-no feito diversas vezes em África nos últimos tempos para proteger e evacuar cidadãos europeus. No entanto existe uma grande diferença: estas intervenções costumam aparecer depois dos conflitos se iniciarem e resultam na evacuação de cidadãos.
Na Ucrânia os únicos conflitos que existiram foi entre manifestantes anti-Yanukovich e pró-Yanukovich. Morreram pessoas em Kiev mas julgo que nem uma era russa. O risco de segurança para as populações só apareceu (novamente) depois da intervenção russa. Nunca até agora tinha lido alguma notícia sobre as pessoas de etnia russas serem perseguidas na Ucrânia. Mesmo quando o novo governo tomou funções e esses medos apareceram, se ouviu alguma notícia sobre perseguições. Não tem havido também nenhuma evacuação de cidadãos russos, aliás houve mais russos a entrarem na Ucrânia para organizar e participar em manifestações pró-Russas!
É mais um caso em que os russos criam o problema e dizem que o vão resolver. A mim não me convence.

Entretanto esta manhã apareceu a primeira verdadeira confrontação entre tropas russas e ucranianas. Na base aérea de Belbek (na Crimeia) os russos capturaram ontem os aviões e hoje as forças ucranianas marcharam para a pista para os reaverem. Há relatórios de tiros disparados para o ar e existe um frente-a-frente para já pacífico. Pelos vistos existem grupos de milícias civis a deslocarem-se para a base para tentar expulsar as tropas ucranianas de lá. Os russos têm-se mantido calmos e profissionais, mas estes grupos vão fazer merda e se os confrontos físicos começarem, alguém pega numa arma e dá um tiro e a partir daí temos os inícios da 2a Guerra da Crimeia :-(